Sob forte clima de comoção, revolta e pedidos de justiça, familiares e amigos se reuniram na manhã desta sexta-feira (26) no Cemitério da Vila Alpina, na Zona Leste de São Paulo, para o velório de Tainara Souza. A jovem de 28 anos faleceu após lutar pela vida por 26 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Tainara foi vítima de um crime brutal ocorrido no dia 29 de novembro na Marginal Tietê. Segundo as investigações, ela foi atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro pelo ex-companheiro, Douglas Alves da Silva. A gravidade dos ferimentos levou à amputação das duas pernas da jovem, que passou por cinco cirurgias e permaneceu em coma induzido durante duas semanas.
"Acabou o sofrimento"
A mãe de Tainara, que vinha utilizando as redes sociais para pedir orações, desabafou após a confirmação do óbito por complicações dos ferimentos: "É uma enorme dor, mas acabou o sofrimento. Agora é pedir justiça". Amigos da vítima compareceram à cerimônia de despedida com faixas descrevendo-a como uma "guerreira". Tainara deixa dois filhos pequenos.
Agravamento da Pena
Com a morte da vítima, a situação jurídica de Douglas Alves da Silva, que já está preso, sofreu uma alteração imediata. Ele agora passa a responder por feminicídio consumado, além da tentativa de assassinato contra o rapaz que acompanhava Tainara no momento do crime.
De acordo com a defesa da família e especialistas, devido às agravantes do crime — como o fato de a vítima ter filhos — a pena pode ultrapassar os 50 anos de prisão. A expectativa é que o julgamento pelo júri popular ocorra ainda no primeiro semestre de 2026.
Recorde de Violência
O caso de Tainara é o retrato de uma estatística alarmante na capital paulista. O número de feminicídios em São Paulo bateu recorde neste ano: apenas entre janeiro e outubro, foram registrados 53 casos. Em todo o estado, houve um crescimento de 10% nesse tipo de crime em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Como medida de amparo, os filhos da vítima deverão receber um auxílio do Estado equivalente a um salário mínimo, benefício destinado a órfãos de vítimas de feminicídio. Apresentadores e familiares ressaltam, porém, que o valor financeiro não supre a ausência materna e o trauma psicológico gerado pela brutalidade do ato.