
O Brasil discute o aumento do percentual de etanol anidro na composição da gasolina, com o objetivo de fortalecer a indústria nacional de biocombustíveis e diminuir a dependência de combustíveis importados. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defende o avanço da mistura dos atuais 30% para 35%.
A proposta de Motta foi apresentada durante uma conferência sobre açúcar e etanol realizada em São Paulo, um evento que reúne autoridades e representantes do setor. "Vamos lutar e brigar para que avancemos aos 35% na mistura, o que sem dúvida alguma fortalecerá ainda mais a indústria de biocombustíveis no nosso país", afirma o presidente da Câmara.
O percentual de etanol anidro na gasolina já registra aumento neste ano. Em agosto, o teor foi elevado de 27% para 30%, medida que buscava estabilizar os preços no país. O governo federal justifica a política com a necessidade de garantir a segurança energética e reduzir a vulnerabilidade do mercado brasileiro às variações do preço do petróleo.
Etanol e o Tarifaço dos EUA
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também participa do encontro e reforça a posição estratégica do biocombustível no cenário internacional. Tarcísio defende que o etanol não deve ser incluído em nenhuma pauta de negociação envolvendo o "tarifaço" anunciado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Nós não temos que colocar isso na mesa de negociação, pelo contrário, nós temos que proteger essa reserva estratégica, nós temos que prestigiar aqueles que estão fazendo a diferença, que apostaram em tecnologia, que dão duro, que têm calos nas mãos", declara Tarcísio. A fala do governador alinha-se aos interesses do setor sucroenergético, que vê o etanol como um ativo de soberania nacional e não uma moeda de troca em disputas comerciais.
O debate sobre as tarifas de importação dos EUA intensificou-se após o anúncio de Trump sobre uma potencial taxação de 50% em produtos brasileiros. O setor do agronegócio, principalmente, teme ser afetado pelas medidas, o que coloca o etanol no centro das discussões sobre reciprocidade comercial entre os dois países.
50 Anos do Proálcool
A conferência em São Paulo celebra também os 50 anos do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). O programa, criado em 1975, é considerado um marco na história da matriz energética brasileira, concebido para enfrentar a crise do petróleo e diminuir a dependência nacional de combustíveis fósseis importados.
Ao incentivar a produção e o consumo de etanol, o Brasil se consolida como referência mundial em biocombustíveis. O evento homenageia pioneiros do setor e promove debates técnicos que seguem até amanhã. O país lidera globalmente a produção de açúcar e ocupa a segunda posição entre os maiores produtores de etanol. A valorização e o aumento do uso do biocombustível seguem como pauta central para a política energética e econômica nacional.