Uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) revelou um esquema de vazamento de informações sigilosas de operações policiais para o crime organizado. Mensagens interceptadas expõem a participação de agentes de segurança no repasse de dados sobre ações da Polícia Civil, principalmente na Baixada Fluminense.
Como resultado da operação deflagrada na terça-feira (9), nove pessoas foram presas, entre elas dois agentes de segurança pública denunciados pelo MPRJ.
Detalhes da Fraude e as Prisões
Um dos principais focos da investigação é a megaoperação realizada em 13 de março de 2025 , que tinha como objetivo cumprir mandados de prisão contra acusados de roubo, latrocínio e receptação. Naquela data, mais de 600 criminosos foram presos em diferentes pontos do estado do Rio. Entre os detidos na ocasião estava Luiz Carlos de Lomba, conhecido como "Chocolate", um dos criminosos mais procurados do Complexo da Maré.
Apesar do sucesso da megaoperação, o Ministério Público aponta que o resultado poderia ter sido ainda melhor, não fosse o vazamento de informações sigilosas à criminosos da Baixada Fluminense por agentes da própria Polícia Civil.
Na terça-feira (9), foram presos o policial civil Jaime Rubem Provençano e o policial militar Gilmar Carneiro dos Santos, juntamente com outros nove denunciados pelo MP.
Jaime Rubem Provençano é suspeito de passar informações não apenas sobre a megaoperação de março de 2025, mas também sobre outras ações policiais. A investigação teve início após a análise de dados de aparelhos celulares de alguns dos denunciados, que foram presos em flagrante no início do ano enquanto extorquiam comerciantes em Belford Roxo.
O contato de Jaime estava cadastrado no celular do criminoso como "Família DRE", uma referência à Delegacia de Repressão a Entorpecentes.
Interceptações e Ligações com o Crime Organizado
Um áudio interceptado pelo MPRJ flagra o policial civil Jaime Rubem Provençano repassando informações sobre uma operação que ocorreria no dia seguinte.
O criminoso Angelo Adriano de Jesus Guarany, conhecido como "Magrinho", responde à informação:
"Tem que tentar ajudar".
O policial, então, avisa que tentará auxiliar o criminoso:
"Vou tentar ver com o ‘Bola’ lá o que que dá para fazer".
O nome "Bola" seria outro agente público que, até o momento, não foi identificado na investigação.
Já o policial militar Gilmar Carneiro dos Santos, conhecido como "Professor Gilmar", é apontado como integrante de um grupo de extermínio ligado a uma organização criminosa em Duque de Caxias.
A investigação segue para identificar outros possíveis envolvidos no esquema de corrupção e vazamento de dados.