
A Polícia Civil descobriu uma fábrica clandestina de bebidas falsificadas em uma chácara na cidade de Americana, no interior de São Paulo. No local, policiais encontram e apreendem mais de 18 mil itens, que incluem garrafas e rótulos para envase de whisky, gin e vodka, simulando marcas conhecidas.
Duas pessoas foram presas em flagrante na operação e o material apreendido será submetido à perícia.
O Governo de São Paulo estabelece um gabinete de crise na capital, reunindo órgãos de Saúde, Vigilância Sanitária e Polícia Civil para lidar com os casos de intoxicação. Segundo a Secretaria da Saúde, o estado registra 22 ocorrências, entre casos suspeitos e confirmados, com cinco mortes, sendo que quatro delas ainda estão sob investigação.
Como medida preventiva, bares, restaurantes e estabelecimentos onde as vítimas consumiram as bebidas adulteradas serão interditados.
PF investiga conexão com o metanol e crime organizado
As investigações do caso transcendem a esfera estadual. A Polícia Federal (PF) entra no caso, levantando a hipótese de que a rede de distribuição dos produtos adulterados possa ultrapassar os limites de São Paulo.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirma que a PF atua para "verificar a procedência dessa droga e a rede possível de distribuição que, ao que tudo indica, transcende os limites de um único estado".
Uma das principais linhas de investigação das autoridades federais é a possível conexão com o crime organizado. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirma a necessidade da atuação da corporação, citando uma possível ligação com investigações recentes no Paraná que envolvem a importação de metanol pelo Porto de Paranaguá.
A PF pretende apurar se o solvente, que pode ser utilizado na adulteração de combustíveis, foi repassado para as fábricas clandestinas de bebidas. Em um caso relacionado no mês anterior, a Polícia Federal havia revelado que o PCC importava ilegalmente metanol para adulterar combustíveis.
Apesar das especulações, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirma não haver indícios que comprovem o envolvimento do crime organizado no esquema de adulteração de bebidas.
Protocolo de notificação e dados de falsificação
O Governo Federal estabeleceu um protocolo de saúde a ser seguido por hospitais e unidades de saúde em todo o país. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que a medida visa garantir que os profissionais da saúde conheçam o protocolo do Ministério da Saúde para intoxicações, detalhando o conjunto de ações necessárias. As novas diretrizes preveem a notificação imediata de casos suspeitos e o atendimento especializado.
A preocupação das autoridades agora se concentra em identificar os responsáveis pelo uso de uma substância tão tóxica nos produtos. O crime de falsificação é frequente no país.
Um levantamento da Associação Brasileira de Combate à Falsificação aponta que uma em cada três garrafas de bebidas destiladas vendidas no Brasil é ilegal, classificadas como falsificadas, contrabandeadas ou adulteradas.
Em resposta à crise sanitária, alguns clubes da capital paulista anunciam a suspensão temporária da venda de bebidas destiladas em bares e restaurantes de suas dependências na tarde de hoje.