
O cabo da Polícia Militar Johannes Kennedy Santana Lino, baleado no pescoço durante uma operação na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, há cerca de um mês, reconheceu o autor do disparo nesta quinta-feira (11).
Em entrevista ao repórter Luiz Felipe Nunes para o Manhã Bandeirantes, direto do 89º Distrito Policial, o agente confirmou a identidade de Kauan Alison Alves dos Santos, que está preso no local.
"Sim, com certeza. Não resta dúvida. Além do momento que eu tinha visto ele, as imagens não deixaram dúvida. Realmente era ele", afirmou o Cabo Santana.
O policial se recupera de uma fratura na vértebra cervical, causada pelo projétil que atravessou seu pescoço. Ele conta que está em repouso e que não precisou passar por cirurgia.
Durante a entrevista, o cabo também comentou a decisão judicial que libertou Gabriel Vieira, outro homem que participou da ação que resultou no disparo.
Para Santana, a presença dele foi decisiva para o desfecho violento. "Ao meu ver, ele participou diretamente, foi a influência dele que atrapalhou a abordagem. Se não fosse isso, eu teria feito a revista corretamente, teria achado o armamento, enfim, teria outro final", declarou o policial, que espera que Kauan "realmente pague por aquilo que ele fez".
O momento do ataque em Paraisópolis
O Cabo Santana relembrou os detalhes da operação que quase tirou sua vida. A ação começou após um acompanhamento a suspeitos de praticarem um arrastão na região da Chácara Santo Antônio, culminando na entrada da comunidade de Paraisópolis. Segundo o policial, a hostilidade foi imediata.
"A partir do momento que eu cheguei, eu já fui recebido a tiro, e não foi do indivíduo que estava sendo perseguido", relatou. Ele descreve que, após o suspeito principal abandonar a motocicleta, outros indivíduos, incluindo Gabriel, dificultaram a ação policial.
Questionado pelo âncora Marco Antonio Sabino sobre o que sentiu ao cair baleado, o cabo revelou que seu principal objetivo era permanecer consciente para pedir reforços.
"Naquele momento, eu tinha uma certeza: eu não queria desfalecer naquele local. Eu estava perdendo muito sangue e o objetivo era tentar passar a maior quantidade de informações possíveis ao COPOM para que o apoio chegasse. Eu não queria falecer naquele local hostil", afirmou.
Retorno ao trabalho e agradecimento
Apesar da gravidade do ocorrido, o policial militar garante que não sente medo de voltar à ativa ou de participar de futuras operações em comunidades. "Medo nenhum. Se tivesse medo, não teria escolhido essa profissão. A gente tenta fazer o nosso serviço da melhor maneira possível e, se tiver que adentrar algum tipo de comunidade, a gente vai entrar para fazer o nosso trabalho", destacou.
Ao final da entrevista, Sabino parabenizou a conduta do agente. "A gente tem poucos heróis no país e normalmente eles são anônimos. Acho que o senhor é um herói, sinceramente, sem exageros", disse o jornalista.
O Cabo Santana agradeceu o apoio que recebeu. "Agradecer a todas as pessoas que torceram por mim, com mensagens nas redes sociais e pessoalmente. Muito obrigado", finalizou.