
María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, é a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. O Comitê Norueguês do Nobel anunciou o nome na manhã desta sexta-feira (10) e justificou a escolha pelo “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia.”
"O Prêmio Nobel da Paz de 2025 é concedido a uma defensora da paz, corajosa e engajada — a uma mulher que mantém a chama da democracia acesa em meio a uma escuridão crescente."
O anúncio confere um peso político e internacional sem precedentes à resistência contra o regime no país sul-americano, elevando a proeminência de María Corina no cenário global, especialmente após um ano em que a líder foi forçada a se esconder no próprio país devido a sérias ameaças contra sua vida pelo regime de Nicolás Maduro.
O Nobel da Paz também confere um prêmio em dinheiro no valor de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões).
Segundo o comitê, a escolha de María Corina Machado não é apenas um reconhecimento pessoal, mas um ato que solidifica o apoio internacional à causa democrática na Venezuela.
O Comitê destacou que, apesar das ameaças, a permanência de María Corina no país inspirou milhões e uniu a oposição, ressaltando sua firmeza em resistir à militarização da sociedade e seu apoio inabalável a uma transição pacífica.

Quem é María Corina Machado e sua importância na Venezuela
María Corina Machado tem liderado a luta pela democracia em face do crescente autoritarismo na Venezuela.
Ela estudou engenharia e finanças e teve uma breve carreira em negócios. Em 1992, María Corina criou a Fundação Atenea, que trabalha em benefício de crianças de rua em Caracas.
Dez anos depois, ela foi uma das fundadoras do Súmate, uma organização que busca promover eleições livres e justas e realizou treinamentos e monitoramento eleitoral.
Em 2010, ela foi eleita para a Assembleia Nacional, conquistando um número recorde de votos. O regime, na época comandado por Hugo Chávez, a expulsou do cargo em 2014.
María Corina lidera o partido de oposição Vente Venezuela e, em 2017, ajudou a fundar a aliança Soy Venezuela, que une forças pró-democracia no país, transcendendo as divisões políticas.
Em 2023, ela anunciou sua candidatura para presidente nas eleições presidenciais de 2024. Quando foi impedida de concorrer, ela apoiou o candidato alternativo da oposição, Edmundo Gonzalez Urrutia. A oposição se mobilizou amplamente e coletou documentação sistemática de que era a verdadeira vencedora da eleição. O regime, no entanto, declarou vitória.
A líder oposicionista então passou a viver escondida em seu próprio país. Segundo o Comitê do Nobel, María Corina está recebendo o Prêmio Nobel da Paz, antes de tudo, "por seus esforços para promover a democracia na Venezuela."
"Contudo, a democracia também está em declínio internacionalmente. A democracia, entendida como o direito de expressar livremente a opinião, de votar e de ser representado em um governo eleito, é o fundamento da paz, tanto dentro dos países quanto entre eles", escreveu o Comitê ao anunciar María Corina como vencedora do Nobel da Paz em 2025.