
A Vigilância Sanitária do estado de São Paulo realizou, nesta semana, uma operação para interditar bares na capital e na região metropolitana que têm ligação direta com os recentes casos de intoxicação por metanol. A medida drástica foi tomada como precaução após a confirmação de, ao menos, cinco mortes causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com a substância tóxica.
Durante uma fiscalização em um bar na região dos Jardins, área nobre de São Paulo, o diretor da Vigilância Sanitária, Manuel Bernardes, explicou que a interdição é um "preceito de saúde pública". "Como não é um caso que se encerrou e nós temos notificações a todo momento, estamos fazendo essa ação por precaução", afirmou Bernardes.
Ao contrário do que se poderia imaginar, as fiscalizações não são aleatórias. Os agentes estão focando nos estabelecimentos onde as vítimas comprovadamente estiveram e consumiram bebidas antes de apresentarem os graves sintomas de envenenamento. Além do bar nos Jardins, foram confirmadas interdições em locais na Mooca, Vila Mariana e em São Bernardo do Campo. O número de estabelecimentos fechados pode aumentar conforme as investigações avançam.
A Polícia Federal foi acionada e vai investigar os casos de contaminação, o que indica a gravidade e a complexidade do ocorrido. Uma das principais dúvidas que pairam sobre o caso é a motivação por trás da contaminação. As autoridades trabalham com duas hipóteses principais: a primeira é que a adulteração tenha sido feita por um grupo de falsificadores que, por negligência ou desconhecimento, utilizou o metanol (um álcool industrial, mais barato e altamente tóxico) em vez do etanol (próprio para consumo), sem a intenção de matar.
A segunda linha de investigação, mais alarmante, não descarta a possibilidade de um ataque deliberado, onde o veneno foi adicionado às bebidas com o propósito de causar danos. "Eu ainda não encontrei lógica nesse negócio, de batizar bebida com veneno", comentou o apresentador Joel Datena durante a cobertura ao vivo.
Enquanto a polícia busca os responsáveis, a saúde pública emite um alerta. Os hospitais da rede estadual já foram orientados a seguir um protocolo específico para identificar e tratar rapidamente possíveis novas vítimas de intoxicação por metanol, cujos sintomas podem ser confundidos com uma embriaguez severa, mas evoluem para cegueira, falência de órgãos e morte.