O promotor de Justiça Lincoln Gakiya afirmou, em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes e BandNews TV, que já existe máfia no Brasil e citou o Primeiro Comando da Capital (PCC) como exemplo.
A declaração do promotor foi feita após operação do Ministério Público contra suspeitos de planejar atentados contra autoridades, entre elas Lincoln Gakiya e o coordenador de presídios Roberto Medina.
“Eu tenho dito para todos que nós já temos máfia no Brasil, e o exemplo disso é o PCC. Não dá para se falar apenas em facção criminosa, o PCC já atingiu o status de máfia, e como tal, ele age também ameaçando com planos de atentados contra policiais, contra diretores e autoridades, justamente para que outros não continuem seguindo nesse tipo de investigação e combate”, declarou Gakiya.
Durante a entrevista, o promotor do Ministério Público de São Paulo reforçou que já está há mais de uma década sendo escoltado devido planos de execução contra ele.
“Já perdi até as contas de planos que a gente conseguiu interceptar, para me executar, é difícil você conviver com essa realidade, a família também, não dá para se acostumar com isso. E a gente percebe, infelizmente, que esses planos estão chegando mais próximos de mim, de outras autoridades”, afirmou o promotor.
“Eu posso até dizer para vocês que, na verdade, isso é um desdobramento de um salve, de uma ordem, para matar o delegado doutor Ruy Ferraz Pontes, para matar o promotor Gakiya e para matar o Roberto Medina, coordenador dos presídios. Essa era uma ordem que já havia aqui no estado de São Paulo e voltou a ser cobrada”.
Operação Recon
A ação cumpre 25 mandados de busca nas cidades de Presidente Prudente (11), Álvares Machado (6), Martinópolis (2), Pirapozinho (2), Presidente Venceslau (2), Presidente Bernardes (1) e Santo Anastácio (1).
As investigações revelaram a existência de uma célula do crime organizado estruturada de forma compartimentada e altamente disciplinada, encarregada de realizar levantamentos detalhados da rotina de autoridades públicas e de seus familiares, com a clara finalidade de preparar atentados contra esses alvos previamente selecionados.
Conforme a investigação, os criminosos já haviam identificado, monitorado e mapeado os hábitos diários de autoridades, em um plano meticuloso e audacioso que demonstrava o grau de periculosidade e ousadia da organização.
“A célula operava sob rígido esquema de compartimentação, no qual cada integrante desempenhava uma função específica, sem conhecer a totalidade do plano, o que dificultava a detecção da trama”, apontou o Ministério Público.
“A atuação coordenada das instituições permitiu a identificação dos envolvidos na fase de reconhecimento e vigilância, bem como a apreensão de materiais e equipamentos que serão submetidos à perícia e, em última análise, poderão levar à descoberta dos responsáveis pela etapa de execução do atentado”, destacou o órgão.