O micro-ondas usado no pavilhão que pegou fogo na COP30 operava com uma potência maior do que a rede elétrica do estande conseguia suportar. Segundo técnicos que atuaram na inspeção e no combate ao incêndio, o aparelho estava ligado a uma régua de energia que concentrava outros dispositivos, e a soma das cargas acabou excedendo a capacidade elétrica prevista para o espaço, provocando sobrecarga e aquecimento dos componentes.
De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, micro-ondas domésticos costumam consumir entre 1.000 W e 1.500 W — chegando, em alguns modelos, a até 2.000 W. A operação de aparelhos desse porte exige circuitos dedicados, tomadas de 20 amperes e fiação dimensionada para correntes altas. “Um micro-ondas de 1.500 W puxa cerca de 12 amperes em rede de 127 volts. Se o circuito não está preparado para isso, há risco de aquecimento excessivo e curto-circuito”, afirma um bombeiro ouvido pelo repórter Túlio Amâncio.
No pavilhão atingido pelo incêndio, porém, a rede elétrica funcionava em um padrão inferior ao requerido pelos equipamentos ligados simultaneamente. Técnicos relatam que o circuito disponível não atendia à potência do micro-ondas, e que o uso da régua ampliou o risco ao concentrar cargas acima do limite suportado pelo estande. A sobrecarga pode ter sido agravada pelo uso de dispositivos comuns em espaços de exposição.
Organizadores afirmam que a COP30 conta com equipes de segurança e vistoria permanentes, mas reconhecem que, em eventos complexos, a instalação de equipamentos extras pelos expositores aumenta o risco de sobrecarga. “A infraestrutura geral é projetada com margem de segurança, mas depende de o expositor respeitar os limites de potência. Quando isso não acontece, o sistema fica vulnerável”, diz um técnico que participou da avaliação preliminar.
O fogo foi controlado rapidamente, mas provocou correria e levou à evacuação temporária de parte do pavilhão. Não houve feridos. A organização ainda deve divulgar um laudo mais detalhado nos próximos dias.