
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebeu a confirmação de que seu visto para entrar nos Estados Unidos foi concedido. A informação, divulgada pela jornalista Mônica Bergamo e trazida pela repórter Juliana Rosa no Entre Nós desta segunda-feira (8), chega em um momento de crescente tensão política e econômica entre o Brasil e o governo de Donald Trump.
Com a renovação do documento, que havia sido solicitada em agosto, Haddad poderá participar da Semana do Clima de Nova York, ainda em setembro, e do encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington, no mês de outubro. Existe ainda a expectativa de que o ministro acompanhe o presidente Lula na Assembleia Geral da ONU, também em setembro.
A concessão do visto era aguardada com apreensão dentro do governo. Havia o temor de que o pedido fosse negado em meio à escalada de tensões com os Estados Unidos, que vêm adotando novas tarifas contra produtos brasileiros. No programa Canal Livre, da Band, Haddad já havia comentado o risco, mas expressou a esperança de que a autorização fosse concedida por se tratar de agendas globais.
Temor de novas sanções
Apesar do alívio com o visto de Haddad, o governo brasileiro segue apreensivo com a possibilidade de novas e mais duras sanções por parte dos Estados Unidos. Segundo Juliana Rosa, a expectativa é de que, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro seja condenado no julgamento em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF), a pressão americana aumente.
As informações que circulam no governo apontam para um endurecimento que pode ir além de sanções a ministros do STF e outros integrantes do governo. A Lei Magnitsky, um dispositivo americano que pune violações de direitos humanos e corrupção, poderia ser estendida para atingir empresas do setor de telefonia, gerando um ambiente de grande insegurança.
Juliana Rosa destacou que o mercado financeiro já reflete essa preocupação. "Esse é o assunto que eu estou ouvindo dos empresários", afirmou. Ela relatou que uma missão de empresários brasileiros esteve recentemente nos EUA e, apesar de terem sido bem recebidos, voltaram com um diagnóstico claro: o entrave é político.
Os empresários americanos demonstraram interesse em oportunidades no Brasil, como nos setores de etanol, terras raras e data centers, mas ressaltaram que o cenário político se sobrepõe aos interesses econômicos. "Está complicado achar realmente uma brecha de negociação, algum argumento econômico, porque o político se sobrepõe", concluiu Juliana Rosa.