 
    A apresentadora Chris Flores fez uma análise aprofundada sobre a dinâmica da violência doméstica ao comentar o caso envolvendo Dado Dolabella e Marcela Tomaszewski, durante o Melhor da Tarde desta segunda-feira (27). Flores explicou o chamado "ciclo da violência", ressaltando a dificuldade que as vítimas enfrentam para romper relações abusivas e a importância da Lei Maria da Penha para garantir a continuidade das investigações, mesmo que a vítima recue inicialmente.
Ao abordar a notícia de que Marcela teria sido coagida por Dado Dolabella, que tem uma lista extensa de denúncias contra ele, a gravar um vídeo negando as agressões que ela mesma denunciou, Chris Flores contextualizou a situação dentro de um padrão recorrente em relacionamentos abusivos. Ela explicou que a recusa inicial de Marcela em depor ou fazer exame de corpo de delito, mesmo apresentando hematomas, é uma reação compreensível.
"A mulher, na hora da agressão, ela tem medo, porque ela não sabe o que vai ser dela daqui dois segundos", afirmou Flores, rebatendo a percepção comum de que a revolta deveria ser a reação imediata.
Chris Flores explica o conceito de “ciclo de violência” após denúncia contra Dolabella
Chris Flores detalhou as fases do ciclo de violência, um conceito crucial para entender por que muitas vítimas permanecem em relações abusivas. Segundo ela, o agressor geralmente se apresenta como um "príncipe" no início, com presentes e elogios, mas paralelamente começa a isolar a mulher de sua rede de apoio, formada por família, amigos e trabalho.
"Ele separa esta mulher da família, dos amigos [...] ninguém presta para essa mulher. Quando ela se vê sozinha [...] ela só confia no agressor", descreveu Flores.
Após o episódio de agressão, o ciclo entra na fase da "lua de mel": o agressor pede desculpas, culpa o ciúme excessivo por "amar demais", promete mudar e volta a ser carinhoso, presenteando e elogiando a vítima. "Aí a mulher acredita que ela tá sendo amada intensamente. Ele vem com presente, ele vem com elogio… aí o ciclo se completa", explicou a apresentadora. Ela também citou a definição de Luana Piovani sobre Dado Dolabella como um "colecionador de denúncias", lembrando que cinco mulheres já o acusaram publicamente.
Flores enfatizou que a violência psicológica é um componente central que impede a vítima de sair da relação, independentemente de sua condição financeira. "É natural que a gente não consiga sair. Porque, psicologicamente, a gente está muito envolvida", disse, referindo-se às vítimas. Ela também mencionou a violência patrimonial, prevista na Lei Maria da Penha, que ocorre quando o agressor controla ou destrói os bens da mulher, como celular, dinheiro ou a impede de trabalhar.
Rede de apoio, tratamento para o agressor e Lei Maria da Penha: apresentadora destaca importância de assistência
A apresentadora ressaltou a importância fundamental de uma rede de apoio para romper o ciclo. "É a família que tem que intervir e falar, 'chega, vem para cá'. E tirar desse convívio. Amigos que se intrometerem, vizinho, seja lá quem for", defendeu.
Além disso, Chris Flores destacou a necessidade de tratamento para o agressor, argumentando que a punição isolada não resolve o problema a longo prazo. "Essa pessoa vai conviver na sociedade [...] vai namorar outra Marcela, outra Marcela e outra Marcela", alertou.
Sobre a notícia de que a advogada que defendia Dado Dolabella em casos anteriores decidiu não atuar nesta nova acusação, Flores considerou o fato "muito emblemático". Ela observou a tática comum de agressores escolherem advogadas mulheres para passar uma imagem de apoio feminino. A saída da advogada, para Flores, sugere gravidade e possível falta de sinceridade por parte do cliente.
Finalmente, Chris Flores reforçou o papel da Lei Maria da Penha, explicando que, uma vez feita a denúncia formal, a investigação prossegue mesmo que a vítima tente retirá-la posteriormente. "Feita a denúncia, não tem como voltar atrás. Ela, por ela, pode até dizer, 'foi tudo mentira o que eu disse', mas a investigação continua", concluiu. A apresentadora também expressou forte opinião contrária a dar espaço de entrevista para Dado Dolabella no momento, afirmando que ele deveria se explicar à justiça.
 
