
Daniela Costa, arquiteta de 35 anos e natural de Minas Gerais, está presa no Camboja há pelo menos seis meses após cair em um golpe internacional de falso emprego. A mineira, que enfrenta condições desumanas na prisão, foi atraída por uma oferta para trabalhar com telemarketing, que prometia salário, moradia e alimentação, mas se revelou uma armadilha de tráfico humano.
Segundo relatos da família, Daniela recebeu a proposta de trabalho em janeiro, conforme detalha sua mãe, Myriam Oliveira. A prima da arquiteta, Karoline Maia, explica que, ao chegar ao país asiático, a vaga de telemarketing não era convencional.
A situação de Daniela se agravou quando a família enviou R$ 27 mil acreditando estar ajudando a arquiteta. Contudo, os criminosos teriam forjado uma situação, escondendo drogas no banheiro utilizado por ela, o que resultou na sua prisão. A arquiteta divide atualmente uma cela com quase 90 pessoas, em condições insalubres, e chegou a ter uma infecção, demorando dias para receber atendimento médico.
Uma das suspeitas de ter recrutado Daniela para a Ásia publicou um vídeo em uma rede social rebatendo as denúncias da família, afirmando que a brasileira não teria recebido nem comida adequada na prisão.
Família busca intervenção do Governo e Itamaraty confirma acompanhamento
A família da arquiteta vive momentos de grande angústia. O pai de Daniela chegou a ser internado, abalado pela situação, conforme apurou o repórter Célio Camilo, direto do Hospital Luxemburgo, em Belo Horizonte. Os parentes recorrem a campanhas nas redes sociais e buscam o apoio de autoridades brasileiras na tentativa de conseguir a extradição da mineira.
Williamder Salomão, especialista em Direito Internacional e Direitos Humanos, orienta que a primeira ação que Daniela e todas as famílias em situação semelhante podem tomar é buscar ajuda junto ao governo, para que seja iniciada uma "conversa de governo para governo" visando o retorno da cidadã ao Brasil. O especialista reforça o alerta sobre ofertas de trabalho com salários exorbitantes no exterior, como "três mil dólares", que são "geralmente" indícios de tráfico de pessoas.
Em nota oficial, o Itamaraty confirmou que acompanha o caso e presta assistência consular à arquiteta. O Ministério das Relações Exteriores informou que tem atuado de forma proativa nos casos de tráfico de pessoas no Sudeste Asiático. A gravidade do problema se reflete nos números: em 2024, 63 brasileiros foram identificados em situações análogas, sendo 41 deles na mesma região onde Daniela foi enganada.
O caso da arquiteta mineira ilustra o crescimento do problema global do tráfico humano, que se expande por meio de falsas promessas de trabalho. Enquanto Daniela permanece presa, sua mãe, Myriam Oliveira, mantém o apelo por justiça e expressa o desejo da família de trazê-la de volta "com saúde e segurança", para que "nenhum outro brasileiro caia num golpe tão cruel como esse".