
O Brasil registrou um aumento de 8,14% nos roubos de veículos entre 2014 e 2024. No período, as ocorrências avançaram de 117.141 para 126.675. No entanto, a maior foi no número de furtos de veículos, com alta de 121%, passando de 98.628 para 217.921 no período.
Os números fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública – documento produzido a partir de dados coletados com as secretarias estaduais, as polícias civis, militares e federal, e outras fontes oficiais – e foram analisados pelo jornalismo da Band, com o auxílio da ferramenta Pinpoint, do Google.
O auge da criminalidade veicular ocorreu entre 2016 e 2018, quando o país atingiu os piores índices históricos. No primeiro ano citado, os casos somaram 272.232 roubos e 278.907 furtos.
A partir de 2019, o cenário começou a mudar. O número de roubos caiu drasticamente para 94.790, e os furtos para 108.852. Em 2020, durante a pandemia da Covid-19, os dados diminuíram, atingindo pouco mais de 73 mil roubos e 87 mil furtos, impactados pelas medidas de distanciamento social impostas neste período.
Com a retomada gradual das atividades em 2021, os crimes patrimoniais voltaram a subir. Naquele ano, os roubos de veículos chegaram a 142.745 casos, enquanto os furtos atingiram 191.970. Já em 2022, o avanço foi ainda mais expressivo: os furtos ultrapassaram a marca de 225 mil ocorrências.
A principal diferença entre os dois crimes está no uso da violência. O roubo envolve ameaça ou agressão para subtrair o bem, com pena prevista de 4 a 10 anos de prisão. Já o furto ocorre sem violência, e prevê pena de 1 a 4 anos de reclusão.
Estados com os maiores casos de roubos e furtos
São Paulo foi o estado com as maiores incidências de roubos e furtos em 2024. Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 31.696 e 93.996, respectivamente.
Em seguida, aparece o Rio de Janeiro com 30.930 roubos e 17.337 furtos de veículos. O estado de Pernambuco registrou 11.687 e 7.348 casos, respectivamente. Outra unidade federativa que merece destaque é a Bahia, com 11.131 roubos e 6.690 furtos em 2024.
Na contramão dos estados citados, Amapá aparece com os menores índices dos crimes, sendo 166 roubos e outros 381 furtos, segundo o Anuário. Roraima também apresentou baixo índice de roubos em 2024, somando 243 casos, porém, os furtos somaram 643.
Crimes contra o patrimônio: epidemia de roubo e furto de celulares
O Brasil enfrenta uma epidemia de roubo e furto de celulares. Em 2024, foram contabilizados mais de 850 mil registros, o equivalente a quase dois aparelhos subtraídos por minuto.
Apesar do número expressivo, houve uma queda de 10,16% em relação a 2023, quando foram contabilizadas mais de 937 mil ocorrências.
Até 2021, as taxas de roubos e furtos de celulares eram analisadas dentro da categoria ‘outros tipos’, sem apresentar uma classificação específica. Com o aumento de casos e a priorização da subtração dos aparelhos pelo crime organizado, o Fórum criou um gráfico específico para aprofundar a análise do tema.
O interesse dos criminosos pelos celulares deixou de ser centralizado na revenda e passou a se concentrar na porta de entrada dos eletrônicos para o acesso a contas bancárias e dados pessoais das vítimas.
Furtos e roubos
Outro dado do relatório chama a atenção: até 2022, os roubos de celular eram mais numerosos que os furtos. No entanto, essa tendência se inverteu em 2023, quando os furtos ultrapassaram os roubos em mais de 51 mil ocorrências.
“Em quatro desses sete anos, o patamar de registros esteve na casa de um milhão de casos anuais, sendo que os números só foram menores no período da Pandemia de Covid 19, entre 2020 e 2021, e agora em 2024, quando as polícias civis do país todo registraram 12,6% menos casos de roubos e furtos de celulares do que o ano anterior”, destacou a publicação.
“E, como detalhado neste Anuário, essa queda foi liderada pelo estado do Piauí, que foi o pioneiro na implementação de um programa de recuperação e alerta de aparelhos roubados ou furtados – nesse estado, a taxa de roubos e furtos de celulares caiu 29,7%. Ou seja, os números corroboram a ideia de que tais modalidades delituosas são sensíveis à ação mais focada das instituições de segurança pública”, acrescentou.
Roubos e furtos de celulares em capitais
Conforme o Anuário de Segurança Pública de 2024, as três primeiras colocadas do ranking são capitais: São Luís (MA), com a maior taxa nacional do período, contabilizou 1.599,7 aparelhos roubados e furtados para cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar aparece Belém (PA), com taxa de 1.452,2 por 100 mil e, em terceiro, São Paulo (SP), com taxa de 1.425,4 roubos e furtos de celular por grupo de 100 mil.
Das 20 cidades citadas pelo anuário, 12 são capitais consideradas de grande porte, ou seja, possuem populações superiores a 500 mil habitantes. Além de São Luís, Belém e São Paulo, também aparecem:
Salvador (BA);
Porto Velho (RO);
Teresina (PI);
Recife (PE);
Vitória (ES);
Natal (RN);
Belo Horizonte (MG);
Florianópolis (SC); e
Fortaleza (CE).
“Essas 20 cidades concentraram 40% de todos os celulares roubados e furtados no país, indicando como esta modalidade criminal é concentrada e característica de cidades de grande porte. O município de São Paulo, por exemplo, concentra 5,6% da população brasileira, mas responde por 18,5% dos celulares roubados e furtados no país. Salvador, por sua vez, possui 1,2% da população nacional, mas concentra 3,9% dos roubos e furtos de celular”, pontua o relatório.
Em 2023, o relatório apontou a importância que os celulares passaram a ter na dinâmica dos crimes patrimoniais, não apenas pelo elevado número de crimes, mas porque são a porta de entrada “mais fácil do crime organizado para uma série de outras modalidades delituosas”, o que aumenta o poder das organizações criminosas.
Padrão de roubo ou furto
Conforme o anuário, é possível notar padrões distintos entre os roubos e furtos. Enquanto os furtos acontecem de forma mais distribuída ao longo do dia, a maior parte dos roubos ocorre no período noturno (entre 18h e 23h), concentrando 40,6% dos casos. Os picos, principalmente no caso dos roubos, coincidem com os horários de entrada e saída do trabalho.
A maioria dos casos (59,9%) acontece em vias públicas. Porém, ao desagregar os roubos e furtos, é possível observar que há uma maior concentração dos roubos neste tipo de local. Enquanto 79,6% dos roubos ocorrem nas vias públicas, este percentual é de 43,7% dos furtos. Este tipo de ocorrência tende a se distribuir entre outros tipos de local, como estabelecimentos comerciais (14,6%), residências (12,8%) e transporte público ou privado (11%).
Além disso, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que a principal marca de aparelhos subtraídos é a Samsung, com 37,5%. A proporção é compatível com a participação da marca no mercado nacional, que era de 38% em fevereiro de 2024.
Em seguida aparece a Apple (24,3%), que possui apenas 10% de participação no mercado brasileiro, depois vêm a Motorola, que representou 22,7% dos celulares subtraídos no último ano, e a Xiaomi, com 12,2%.
O perfil das vítimas se manteve o mesmo em relação a 2023. Em relação aos furtos, há uma distribuição homogênea entre vítimas do sexo feminino, que representam 50,2%, e masculino, que correspondem a 49,8%. Já nos roubos, os homens são a maioria das vítimas, 59,1%, enquanto as mulheres representam 40,9%.