A cantora Ana Castela revelou nesta semana que sente incômodo com o que é popularmente chamado de "orelha de abano", quando as orelhas se projetam para fora, e que já sofreu bullying por causa da condição. A artista confessou que utiliza cola para disfarçar a aparência das orelhas.
Entretanto, médicos e especialistas contraindicam essa solução, assim como o uso de qualquer tipo de fita adesiva. O cirurgião plástico Mauro Speranzini, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e especialista em Otoplastia, alerta que a pele humana não foi feita para receber cola.
"Essa cola ela pode causar uma ulceração, uma ferida, principalmente se for feita de forma repetida", explica Speranzini.
Otoplastia e o impacto na autoestima
A cirurgia de correção para a condição, chamada de otoplastia, é indicada pelos médicos e pode ser realizada a partir dos seis anos de idade. A estudante Luísa Franco Cavinato, que fez o procedimento aos 14 anos, relata que a condição a incomodava muito.
O cirurgião Mauro Speranzini explica que, aos seis anos, a orelha já atinge 95% do seu tamanho final, o que torna o procedimento seguro. Além da questão anatômica, a correção atende a uma questão de consciência corporal. Segundo o especialista, é neste momento da vida que o contato social da criança aumenta, tornando a questão da autoestima ainda mais relevante.
Estima-se que, em média, 40 mil pessoas realizam a otoplastia por ano no Brasil, inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Diferenças e Saúde Mental
O psicólogo Matheus Amaral, especialista em crianças e adolescentes, ressalta que as diferenças que causam isolamento ou vergonha na infância e na adolescência devem ser levadas a sério. O especialista alerta que o bullying causa trauma, e o trauma pode levar a dor física e depressão.
Além da otoplastia, outros procedimentos corretivos comuns na infância e na adolescência incluem o reparo de fissuras labiais e de cicatrizes. A orientação é que, com ou sem cirurgia, a questão da autoestima deve ser tratada para evitar consequências graves na saúde mental dos jovens.